Boletim informativo bimestral do Sindicato
das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais
Filantrópicos do Estado de São Paulo.

EDIÇÃO 47 SET/OUT DE 2024

Seminário Qualidade de Vida: mais uma entrega SINDHOSFIL concluída com grande sucesso!

Realizada no último dia 20 de setembro, a 2ª edição do Seminário Qualidade de Vida contou com cerca de 100 participantes e com a parceria do SESC que, além de contribuir com a programação, sediou o evento em sua unidade Vila Mariana.

Com o objetivo de atualizar os profissionais do segmento de Saúde e promover o debate com especialistas sobre temáticas de Gestão, Recursos Humanos e Qualidade de Vida, a programação foi considerada excelente por aqueles que prestigiaram e interagiram bastante com os palestrantes.

O presidente do SINDHOSFIL, Dr. Edison Ferreira da Silva, abordou o tema “Preocupação na área da saúde com a Saúde Mental” e, na sequência, o Sr. Fernando Andrade de Oliveira, que é membro da comissão de avaliação do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida, foi convidado para falar sobre “Qualidade de Vida e Autocuidado”. Após o almoço, mais duas excelentes apresentações completaram a programação: “Sustentabilidade e os Impactos na Vida”, com o Dr. Gilberto Natalini, médico e ambientalista, e “Exercício Físico ao Longo da Vida”, com a Sra. Luciana A. Miranda, que é Mestre em Ciências da Saúde e, atualmente, Monitora de Esportes do SESC.

Entrevista com Dr. Gilberto Natalini

SindhosNEWS – Além de médico, o senhor tem uma vasta trajetória pública na área de saúde. Com toda sua história, como avalia a iniciativa do SINDHOSFIL em parceria com o SESC na realização do II Seminário de Qualidade de Vida?

Dr. Gilberto Natalini – Avalio que é uma iniciativa extremamente importante, extremamente oportuna e que preenche uma necessidade do setor Saúde em discutir além da saúde individual, além da saúde pessoal. É claro que a gente precisa cuidar da saúde de cada pessoa, muito bem cuidada, ser acolhedor com os pacientes, resolutivo, mas, além disso, temos que ter uma visão mais de saúde coletiva, dos fatores que agravam as condições de saúde da população. A iniciativa do Sindicato com o SESC foi extremamente importante, porque abordou temas de alta relevância na saúde pública, no estado de São Paulo e no Brasil.

SindhosNEWS – Sua palestra foi sobre “Sustentabilidade e os Impactos na Vida”. Poderia destacar os pontos abordados que considera mais importantes, para aqueles que não tiveram a oportunidade de participar?

Dr. Gilberto Natalini – O setor Saúde é essencial na vida de uma população, das pessoas! Ele tem comparecido sempre de uma maneira muito firme, muito presente, muito ousada! Os hospitais filantrópicos têm um papel fundamental no atendimento SUS no Brasil, são a principal força do atendimento SUS, superando muito os órgãos de saúde próprios do serviço público. Então, é tradicional os hospitais filantrópicos em São Paulo e no Brasil terem esse papel preponderante. A minha palestra foi sobre Saúde e Meio Ambiente, Saúde e Mudanças Climáticas e acho que, nesse ponto, o setor Saúde, o exército do jaleco branco, está ‘devendo um pouco na praça’, porque o mundo está caminhando para uma situação dramática, um processo de catástrofe climática, que já passou de emergência climática! Vários setores estão se movimentando e eu creio que o setor saúde está se movimentando muito aquém da necessidade. Por quê? Porque o aquecimento global, as mudanças climáticas e a degradação ambiental impactam diretamente na saúde das pessoas, na existência das pessoas, na sobrevida das pessoas. Disso, fazem parte as tragédias, os eventos climáticos extremos, como chuvas violentíssimas, estiagens longas como estamos tendo no Brasil, queimadas, os mais variados tipos de viroses que têm surgido e aumentado por conta das mudanças climáticas. Nós, da saúde, temos que estar muito antenados, muito preparados. Por exemplo, as temperaturas extremas, o calor extremo, são altamente danosos e causam a morte das pessoas, em particular dos idosos. O SINDHOSFIL e o SESC tiveram a presença de espírito de trazer esse tema para discussão e me disse o presidente, Dr. Edison, meu amigo pessoal, que pretendem fazer uma rotina, colocar esse tema ambiental e climático na pauta do trabalho do Sindicato dos Hospitais Filantrópicos. Eu parabenizo e não tenho outra palavra para dizer!

SindhosNEWS – Quando o senhor diz que o setor está deixando aquém, o que imagina como ações positivas? Seriam ações preventivas, orientativas?

Dr. Gilberto Natalini – É claro. Nós temos que começar a preparar e ir avançando no preparo dos profissionais de saúde, sejam gestores, médicos, enfermeiros, administrativos, para levar essa educação de saúde ambiental para as pessoas e prepará-las para enfrentarem, por exemplo, o calor extremo, que muitos colegas nossos, médicos mesmo, não conhecem a fisiopatologia do calor sobre o corpo humano. Tem o aspecto técnico de preparar para viroses novas que virão por aí. A COVID foi um exemplo disso, mas tem muitas outras. Hoje, o vírus da dengue está nos Estados Unidos por conta da mudança de temperatura. Então, são questões que o setor Saúde, com sua responsabilidade na sociedade, precisa tomar a dianteira e preparar os seus profissionais, preparar seus equipamentos. Hoje, não tem mais cabimento uma unidade básica de saúde ou um pronto socorro de um hospital não ter um vaporizador ali, em um momento de umidade do ar muito baixa. É preciso equipar com equipamentos também, com maquinário, fator humano e fator estrutural. O setor Saúde sempre foi vanguarda na proposição de políticas públicas, ou seja, propor aos governos políticas públicas de prevenção e de combate aos fenômenos climáticos extremos, que afetam diretamente, que agridem diretamente, a vida e a saúde das pessoas. Isso é que o setor Saúde precisa correr para fazer. Na minha avaliação, ainda estamos atrasados! O setor ainda não está na velocidade que a história da questão climática está acontecendo. Precisamos dar dinamismo à nossa atuação e nos preparar com conhecimentos e ações práticas, além de propor aos governos medidas concretas de políticas públicas, prevenção e combate aos fenômenos climáticos e à degradação ambiental.

SindhosNEWS – Por fim, durante o evento, os participantes interagiram bastante, não é? Com isso, gostaria que nos contasse duas coisas: 1ª, quais foram as dúvidas que mais chamaram sua atenção e, 2ª, o que achou dessa troca de experiências?

Dr. Gilberto Natalini – Começando pela segunda pergunta: uma palestra que não tem interação entre o palestrante e o público é uma palestra fracassada. Não é uma palestra, é um ‘cara’ regurgitar palavras e ideias. Então, a interação entre a plateia que estava ali, uma plateia de alto nível, com um bom número de participantes, e aquele que está dando a palestra enriquece muito, as pessoas se sentem participativas e essa dinâmica é muito importante. Ali, foi muito importante mesmo! As perguntas que vieram para mim foram muito objetivas e simples, para ver como as pessoas estão precisando de educação sobre o tema e aprender. Por isso que eu falei da importância do Sindicato e do SESC, porque é um aprendizado para pessoas que irão reproduzir, depois, lá dentro dos hospitais. Perguntaram, por exemplo, sobre o CO2. A dúvida foi se o CO2 pode ser ou não nocivo à saúde, a questão da poluição climática e da poluição particulada, se faz mal diretamente ao pulmão e ao sistema cardiocirculatório das pessoas. Foram algumas perguntas que surgiram, o que foi muito bom, mas, é claro, que em 1 hora não é possível dar os esclarecimentos que o tema exige. Precisaria de um curso e, quem sabe, juntos, no futuro, façamos um curso on-line com o Sindicato sobre a questão ambiental e climática e o atendimento à saúde da população. Vou repetir: o setor Saúde, com toda sua pujança, no geral, ainda está aquém das expectativas que ele deveria estar nessas questões tão graves, que ameaçam a própria existência da humanidade e do planeta.

Seminário Qualidade de Vida: mais uma entrega SINDHOSFIL concluída com grande sucesso!

Realizada no último dia 20 de setembro, a 2ª edição do Seminário Qualidade de Vida contou com cerca de 100 participantes e com a parceria do SESC que, além de contribuir com a programação, sediou o evento em sua unidade Vila Mariana.

Com o objetivo de atualizar os profissionais do segmento de Saúde e promover o debate com especialistas sobre temáticas de Gestão, Recursos Humanos e Qualidade de Vida, a programação foi considerada excelente por aqueles que prestigiaram e interagiram bastante com os palestrantes.

O presidente do SINDHOSFIL, Dr. Edison Ferreira da Silva, abordou o tema “Preocupação na área da saúde com a Saúde Mental” e, na sequência, o Sr. Fernando Andrade de Oliveira, que é membro da comissão de avaliação do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida, foi convidado para falar sobre “Qualidade de Vida e Autocuidado”. Após o almoço, mais duas excelentes apresentações completaram a programação: “Sustentabilidade e os Impactos na Vida”, com o Dr. Gilberto Natalini, médico e ambientalista, e “Exercício Físico ao Longo da Vida”, com a Sra. Luciana A. Miranda, que é Mestre em Ciências da Saúde e, atualmente, Monitora de Esportes do SESC.

Entrevista com Dr. Gilberto Natalini

SindhosNEWS – Além de médico, o senhor tem uma vasta trajetória pública na área de saúde. Com toda sua história, como avalia a iniciativa do SINDHOSFIL em parceria com o SESC na realização do II Seminário de Qualidade de Vida?

Dr. Gilberto Natalini – Avalio que é uma iniciativa extremamente importante, extremamente oportuna e que preenche uma necessidade do setor Saúde em discutir além da saúde individual, além da saúde pessoal. É claro que a gente precisa cuidar da saúde de cada pessoa, muito bem cuidada, ser acolhedor com os pacientes, resolutivo, mas, além disso, temos que ter uma visão mais de saúde coletiva, dos fatores que agravam as condições de saúde da população. A iniciativa do Sindicato com o SESC foi extremamente importante, porque abordou temas de alta relevância na saúde pública, no estado de São Paulo e no Brasil.

SindhosNEWS – Sua palestra foi sobre “Sustentabilidade e os Impactos na Vida”. Poderia destacar os pontos abordados que considera mais importantes, para aqueles que não tiveram a oportunidade de participar?

Dr. Gilberto Natalini – O setor Saúde é essencial na vida de uma população, das pessoas! Ele tem comparecido sempre de uma maneira muito firme, muito presente, muito ousada! Os hospitais filantrópicos têm um papel fundamental no atendimento SUS no Brasil, são a principal força do atendimento SUS, superando muito os órgãos de saúde próprios do serviço público. Então, é tradicional os hospitais filantrópicos em São Paulo e no Brasil terem esse papel preponderante. A minha palestra foi sobre Saúde e Meio Ambiente, Saúde e Mudanças Climáticas e acho que, nesse ponto, o setor Saúde, o exército do jaleco branco, está ‘devendo um pouco na praça’, porque o mundo está caminhando para uma situação dramática, um processo de catástrofe climática, que já passou de emergência climática! Vários setores estão se movimentando e eu creio que o setor saúde está se movimentando muito aquém da necessidade. Por quê? Porque o aquecimento global, as mudanças climáticas e a degradação ambiental impactam diretamente na saúde das pessoas, na existência das pessoas, na sobrevida das pessoas. Disso, fazem parte as tragédias, os eventos climáticos extremos, como chuvas violentíssimas, estiagens longas como estamos tendo no Brasil, queimadas, os mais variados tipos de viroses que têm surgido e aumentado por conta das mudanças climáticas. Nós, da saúde, temos que estar muito antenados, muito preparados. Por exemplo, as temperaturas extremas, o calor extremo, são altamente danosos e causam a morte das pessoas, em particular dos idosos. O SINDHOSFIL e o SESC tiveram a presença de espírito de trazer esse tema para discussão e me disse o presidente, Dr. Edison, meu amigo pessoal, que pretendem fazer uma rotina, colocar esse tema ambiental e climático na pauta do trabalho do Sindicato dos Hospitais Filantrópicos. Eu parabenizo e não tenho outra palavra para dizer!

SindhosNEWS – Quando o senhor diz que o setor está deixando aquém, o que imagina como ações positivas? Seriam ações preventivas, orientativas?

Dr. Gilberto Natalini – É claro. Nós temos que começar a preparar e ir avançando no preparo dos profissionais de saúde, sejam gestores, médicos, enfermeiros, administrativos, para levar essa educação de saúde ambiental para as pessoas e prepará-las para enfrentarem, por exemplo, o calor extremo, que muitos colegas nossos, médicos mesmo, não conhecem a fisiopatologia do calor sobre o corpo humano. Tem o aspecto técnico de preparar para viroses novas que virão por aí. A COVID foi um exemplo disso, mas tem muitas outras. Hoje, o vírus da dengue está nos Estados Unidos por conta da mudança de temperatura. Então, são questões que o setor Saúde, com sua responsabilidade na sociedade, precisa tomar a dianteira e preparar os seus profissionais, preparar seus equipamentos. Hoje, não tem mais cabimento uma unidade básica de saúde ou um pronto socorro de um hospital não ter um vaporizador ali, em um momento de umidade do ar muito baixa. É preciso equipar com equipamentos também, com maquinário, fator humano e fator estrutural. O setor Saúde sempre foi vanguarda na proposição de políticas públicas, ou seja, propor aos governos políticas públicas de prevenção e de combate aos fenômenos climáticos extremos, que afetam diretamente, que agridem diretamente, a vida e a saúde das pessoas. Isso é que o setor Saúde precisa correr para fazer. Na minha avaliação, ainda estamos atrasados! O setor ainda não está na velocidade que a história da questão climática está acontecendo. Precisamos dar dinamismo à nossa atuação e nos preparar com conhecimentos e ações práticas, além de propor aos governos medidas concretas de políticas públicas, prevenção e combate aos fenômenos climáticos e à degradação ambiental.

SindhosNEWS – Por fim, durante o evento, os participantes interagiram bastante, não é? Com isso, gostaria que nos contasse duas coisas: 1ª, quais foram as dúvidas que mais chamaram sua atenção e, 2ª, o que achou dessa troca de experiências?

Dr. Gilberto Natalini – Começando pela segunda pergunta: uma palestra que não tem interação entre o palestrante e o público é uma palestra fracassada. Não é uma palestra, é um ‘cara’ regurgitar palavras e ideias. Então, a interação entre a plateia que estava ali, uma plateia de alto nível, com um bom número de participantes, e aquele que está dando a palestra enriquece muito, as pessoas se sentem participativas e essa dinâmica é muito importante. Ali, foi muito importante mesmo! As perguntas que vieram para mim foram muito objetivas e simples, para ver como as pessoas estão precisando de educação sobre o tema e aprender. Por isso que eu falei da importância do Sindicato e do SESC, porque é um aprendizado para pessoas que irão reproduzir, depois, lá dentro dos hospitais. Perguntaram, por exemplo, sobre o CO2. A dúvida foi se o CO2 pode ser ou não nocivo à saúde, a questão da poluição climática e da poluição particulada, se faz mal diretamente ao pulmão e ao sistema cardiocirculatório das pessoas. Foram algumas perguntas que surgiram, o que foi muito bom, mas, é claro, que em 1 hora não é possível dar os esclarecimentos que o tema exige. Precisaria de um curso e, quem sabe, juntos, no futuro, façamos um curso on-line com o Sindicato sobre a questão ambiental e climática e o atendimento à saúde da população. Vou repetir: o setor Saúde, com toda sua pujança, no geral, ainda está aquém das expectativas que ele deveria estar nessas questões tão graves, que ameaçam a própria existência da humanidade e do planeta.