Laudo Audiovisual foi tema de debate promovido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), entidade que representa a especialidade no país. O palestrante, Luís Pecci Neto, fez uma apresentação sobre vantagens e desafios da nova modalidade. “Um dos principais pontos positivos [do laudo audiovisual] é a gente poder fazer a diferença, passar além do que o texto, o papel, é capaz de passar, principalmente nos casos mais complexos”, destacou.
Neto é médico radiologista, membro do Comitê de Laudo Radiológico do CBR, fundador e sócio de empresas que atuam com laudo audiovisual. Sobre recursos para torná-lo mais atrativo e compreensivo a médicos solicitantes e pacientes, ele citou hiperlinks, mapas anatômicos, linhas do tempo, tabelas, gráficos e diagramas. Afirmou ainda que a nova modalidade se assemelha a uma consulta interpessoal entre radiologista e solicitante e apontou benefícios e desafios. Como vantagens do laudo audiovisual, o especialista apontou:
- Aprimora o relacionamento com os médicos solicitantes e o cuidado aos pacientes
- Resolve a dificuldade de compreensão de laudos complexos em textos longos e confusos
- Entrega do resultado de maneira rápida e personalizada
- Facilita a compreensão por parte do paciente, o que incentiva o engajamento no tratamento
Luís Pecci Neto defendeu que o laudo audiovisual “é muito prático, conveniente, porque o colega já sai vendo as imagens com a narrativa do radiologista. É diferente de ele ter de ir buscar entender, ter de abrir o portal de imagem, para buscar alteração entre as imagens. Essa questão da praticidade, da conveniência, é algo muito positivo. Também no centro cirúrgico, ao invés de ficar buscando filmes, às vezes, ou ter de scrollar o monitor, buscando as alterações, pode simplesmente pedir para um assistente tocar o vídeo para relembrar as principais alterações”.
O debate ocorreu por meio de um dos Special Interest Groups (SIGs) promovidos pela Comissão de Inovação em Telerradiologia (CITe) do CBR e também teve participações de Adriano Tachibana, da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Cadi) do CBR; e Lorenzo Tomé, médico radiologista professor e coordenador da disciplina Medicina Digital na unidade de Campinas da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Entre os principais desafios apontados para o avanço do laudo audiovisual nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem estão a curva de aprendizado dos radiologistas, timidez e problemas fonoaudiológicos dos profissionais. Além disso, foram citados como possíveis barreiras: segurança de dados e regulamentação, remuneração do radiologista (quem paga por este serviço?), armazenamento e entrega e fluxo / processo.
Abordagem a resultados críticos
Outro desafio importante com relação ao laudo audiovisual é a abordagem a resultados críticos junto ao paciente. “Esses resultados são sempre difíceis de qualquer forma. Às vezes, o paciente não consegue entender direito o que ele lê ali no texto, mas ele ouvir que ele tem um tumor, que ele tem uma lesão infiltrativa, sem a presença do médico pode gerar uma ansiedade muito grande. Então, nesses casos, a gente sugere que o assistente receba primeiro e assista com o paciente”, declarou Luís Pecci Neto.
De modo geral, no entanto, ele defendeu que o laudo audiovisual auxilia na educação do paciente. “Quanto mais ciente e consciente ele está, menos ansioso, menos exame [o paciente demanda]. Acaba sendo uma medicina com menos custos, porque ele não fica querendo exame a todo instante. É importante que ele saiba o que tem. E entendendo da patologia dele, vai estar muito mais disposto a enfrentar uma quimioterapia, um tratamento, uma cirurgia”, avaliou.
“A tecnologia evoluiu e a gente tem que evoluir junto”
Adriano Tachibana e Lorenzo Tomé ressaltaram avanços proporcionados pelo laudo audiovisual. “As pessoas estão evoluindo, os pacientes estão evoluindo, a tecnologia evoluiu muito, e a gente tem que evoluir junto. É muito bem-vinda essa utilização dessa tecnologia dentro desse contexto da adequação da nossa especialidade ao novo mundo e também da adequação do radiologista, para que ele mantenha o valor como médico dentro dessa cadeia de cuidado”, afirmou Tachibana. Ele acredita que, no futuro, o laudo audiovisual pode substituir o laudo em texto. “Imagino que a gente possa fazer um laudo único, mais em prol do entendimento, tanto do paciente quanto do médico, e isso ser automaticamente registrado.”
Para Tomé, “o radiologista que entrega um laudo audiovisual tem condições de ficar mais perto do paciente, de ver melhor e mais rápido o resultado do trabalho dele”.