Diferente de edições anteriores, este ano, as ações organizadas pela UTI Neonatal da Santa Casa de Piracicaba para reverenciar o Novembro Roxo, mês da prematuridade, são digitais e podem ser conferidas pelo facebook e instagram do hospital.
A programação trará depoimentos de membros das equipes multiprofissionais que estão à frente da assistência, de representantes do Programa do Pacto Pela Redução do Óbito Materno e Infantil da Secretaria Municipal de Saúde e de pais de prematuros, além de vídeos de crianças que passaram pela Unidade para se recuperar.
“Um orgulho acompanhar o empenho da equipe para a realização de uma nova versão deste Encontro, tão importante para o restabelecimento da qualidade de vida dos mais de 20 bebês prematuros de Piracicaba e região tratados todos os meses na Unidade”, considerou o médico neonatologista intensivista Antônio Ananias Filho (CRM 69.400).
Segundo ele, desde que foi implantada na Santa Casa, há 26 anos como a primeira UTI Neonatal da região, a Unidade registrou cerca de 6400 internações nos 14 leitos disponíveis, com uma taxa de ocupação de 80%.
“Nossa equipe reúne 55 funcionários entre médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais”, disse Ananias, apontando como principais patologias a prematuridade, má formação e cardiopatia congênitas, desconforto respiratório, síndrome de aspiração de mecônio, anoxia neonatal e hipoglicemia.
A enfermeira coordenadora da Unidade, Maiby Marocco Parazzi, lembra que, além dos programas assistenciais, a UTI Neo da Santa Casa desenvolve diversos projetos voltados à humanização da assistência para aumentar o vinculo entre equipes, bebê e família. São exemplos os projetos Mãe Canguru, o Grupo de Escuta Filhos Valentes, o Corredor dos Valentes e o Projeto Polvo.
“São ações que vão além da assistência médico-hospitalar e aproximam os profissionais da família, no intuito de informá-la sobre todo o processo e apresentar a UTI como um espaço de apoio e vida, uma vez que, a princípio, a Unidade assusta”, disse Maiby.
A médica neonatologista Sandra Noeli Sacht (CRM 74.673), atuante na Unidade há 23 anos, exalta a importância da adequada avaliação do crescimento e triagem no desenvolvimento do bebê prematuro.
“Precisamos avaliar o crescimento desses bebês e inserir medidas como o peso, comprimento e perímetro cefálico em gráficos, de acordo com o sexo e idade gestacional corrigida”, disse a médica explicando que aos dois meses de vida, um bebe que nasceu com 30 semanas de idade gestacional, por exemplo, terá quinze dias de idade corrigida.
Ela alerta também para alguns sinais como o crescimento insuficiente ou exagerado da cabeça nos primeiros meses de vida, casos mais propensos a prognósticos neurológicos; e aumento do peso Além do estabelecido pela idade, o que amplia o risco de hipertensão arterial, obesidade e doença cardiovascular na adolescência. “Quanto menores o peso e a idade gestacional, maiores são os riscos para mãe e bebê”, disse Noeli, reforçando a importância do acompanhamento pré-natal.
Existe ainda o risco de perda visual auditiva, paralisia cerebral e atraso no desenvolvimento neurológico; tornando imprescindível a avaliação da linguagem e da curva de crescimento para acompanhamento das medidas de pressão, bem como a realização de exames laboratoriais como glicemia e colesterol e readequação alimentar.
A nutricionista Marcele Moraes Rocha revela que, para uma alimentação saudável, é importante oferecer ao recém-nascido somente o leite materno até os 6 meses. “Não precisa ofertar água, suco, nem chá neste período”, orienta. Após o sexto mês, o bebê pode continuar com o aleitamento materno e acrescentar três vezes ao dia porções de frutas, legumes, carne e cereais; tudo na forma de papa e servido na mesa, junto da família e sem o uso de equipamentos eletrônicos, celular ou TV.
Outra dica importante é não oferecer à criança alimentos com açúcar, guloseimas, balas, doces e chicletes antes dos 2 anos de idade.
Ao falar das consequências tardias da prematuridade, a terapeuta ocupacional Mariângela Barreira, orienta familiares a observarem também questões relacionadas à pressão e à coordenação motora, pois muitas vezes crianças prematuras apresentam dificuldade de apertar, segurar o talher corretamente e fazer movimento de rosca e de abrir e fechar. “Isso pode dificultar o instrumento de escrita no futuro”, explica. Barreira alerta também para a questão do ‘olhar vago’, que pode sugerir déficit de atenção.
A psicóloga Paula Maia reforça também a importância do cuidado emocional e psicológico da mãe e do prematuro. “É muito importante que a mãe esteja atenta aos seus sentimentos e emoções, pois uma mãe deprimida, nervosa, com medo e insegura, terá dificuldade em fornecer estímulos adequados ao bebê, causando o que chamamos de desorganização comportamental, com redução das atividades da criança, do contato visual e da vocalização, ocasionando possíveis dificuldades no aprendizado. “A mãe também precisa de cuidados neste momento”, disse.