Sustentabilidade humana: um novo paradigma para empresas

Sustentabilidade Humana nas Empresas: A Nova Era

 

Nos últimos anos, testemunhamos uma transição significativa na economia: saímos da economia industrial, passamos pela economia do conhecimento e, agora, adentramos em uma nova era, onde o valor é gerado pelos corações, mentes e características humanas essenciais.

Em outras palavras, estamos entrando na era da sustentabilidade humana, onde a humanidade das pessoas é o centro da criação de valor.

Empresas presas a modelo antigo

Apesar dessa evolução, muitas empresas ainda permanecem presas a um modelo que prioriza a extração de valor das pessoas, em vez de trabalhar ao lado delas para construir um futuro melhor tanto para a organização quanto para os indivíduos.

Assim, as empresas devem trazer uma nova abordagem para o ambiente corporativo, não apenas falar sobre saúde mental e bem-estar dentro do ambiente de trabalho, mas sim verificar o que está sendo feito para promover uma verdadeira sustentabilidade humana.

Trazer o tema para discussão é um avanço, mas limitar-se a palestras no Setembro Amarelo está longe de ser suficiente. A verdadeira sustentabilidade humana vai além de iniciativas pontuais. Ela exige um compromisso contínuo para transformar o ambiente de trabalho e promover o bem-estar e o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores.

Descompasso entre o discurso e a prática da sustentabilidade humana

O estudo 2024 Global Human Capital Trends divulgado pela Deloitte, revela um grande descompasso entre o discurso e a prática da sustentabilidade humana. Apenas uma pequena parcela (10%) das organizações estão realmente se destacando ao adotar estratégias robustas nessa área. E os resultados falam por si:

  • (i) Empresas que priorizam a sustentabilidade humana têm 1,8 vezes mais chances de atingir suas metas financeiras.
  • (ii) Elas são 2,1 vezes mais propensas a alcançar maior satisfação no trabalho entre seus colaboradores.

Os números mostram que a sustentabilidade humana não é apenas uma estratégia ética, mas também uma prática que impulsiona a performance e o sucesso organizacional.

Valor além do lucro: essência do humano

O estudo me traz à memória uma reflexão que remete ao livro “Vamos Comprar um Poeta, de Afonso Cruz. Na obra, somos apresentados a uma sociedade onde tudo que não é monetizável é visto como inútil.

Em um mundo orientado para resultados financeiros, a presença de um poeta em uma família causa uma série de conflitos por introduzir elementos “inúteis”, como emoções e criatividade.

O livro narra uma situação em que, durante uma crise econômica, o dono de uma fábrica encontra uma solução inovadora para salvar seu negócio: instalar aquecedores no ambiente de trabalho durante o inverno.

A ideia, embora simples, nasceu de um verso do poeta: “Um beijo é mais eficiente à temperatura do corpo.” O dono percebeu que, ao criar um ambiente confortável para seus funcionários, ele poderia melhorar sua produtividade. Essa pequena mudança levou a uma recuperação econômica significativa, com outras empresas adotando práticas semelhantes.

Devemos repensar o modelo atual de gestão

O exemplo do livro e os estudos recentes apontam para a necessidade de repensar o atual modelo de gestão, que insiste na extração máxima de valor dos indivíduos. Esse modelo tem contribuído para o aumento dos índices de adoecimento mental e desgaste emocional na sociedade.

A sustentabilidade humana propõe uma nova perspectiva, na qual as empresas não apenas buscam resultados, mas também contribuem para o desenvolvimento integral de seus colaboradores.

Acredito que, em um futuro próximo, uma nova onda econômica surgirá, uma que priorize a humanidade e o bem-estar das pessoas, promovendo um equilíbrio saudável entre produtividade e qualidade de vida. Assim, será possível criar um ambiente corporativo onde empresas e colaboradores cresçam juntos, gerando valor mútuo e resultados sustentáveis para todos.

Por Nayara Menezes, gestora de Marketing e especialista em Marketing Jurídico. MBA em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Certificada em Gestão de Negócios pela Harvard Business School. Bacharel e pós-graduada em Direito.

 

Fonte: RH Pra Você