Startups e SUS: uma estratégia para levar mais saúde à população

Tecnologias digitais são impulsionadoras de positivas transformações nos sistemas de saúde. Cadeia de inovação unindo organizações experientes e emergentes pode alavancar avanços importantes no setor público

Tem um ditado popular que diz que a necessidade é a mãe da inovação. E, na saúde, não faltam necessidades: precisamos ser mais eficientes, inclusivos e equânimes nos cuidados que oferecemos, precisamos ser sustentáveis, fazendo bom uso dos recursos e evitando desperdícios, precisamos de previsibilidade e competência para lidar com desafios que se avolumam com o envelhecimento da população e os impactos climáticos; precisamos levar cuidados a pessoas que vivem em rincões do país carentes de estruturas e profissionais de saúde… A lista é interminável. O que não faltam são demandas esperando por inovações. E muitas delas têm vindo por meio de soluções com tecnologia digital.

O que acontece em uma organização como o Einstein é exemplo do poder da saúde digital. Algoritmos monitoram sinais vitais de todos os pacientes internados, otimizam fluxos e a gestão de leitos, apoiam a decisão médica, reforçam a segurança do paciente e a qualidade da assistência e uma infinidade de outras atividades.

Também temos levado ao setor público inovações capazes de cumprir missões aparentemente impossíveis. Em 2017, por exemplo, uma solução de teledermatologia para avaliar imagens fotográficas de lesões de pele e aplicada em programa conjunto com a Prefeitura de São Paulo zerou em apenas seis meses a fila de 65 mil pacientes que esperavam por atendimento dermatológico. Atualmente, temos vários projetos em andamento que inovam a partir do foco nas necessidades da população mais vulnerável, como um aplicativo que ajuda na identificação precoce da leishmaniose cutânea e uma solução de IA generativa que apoia médicos não especialistas de unidades do SUS do Norte do país no acompanhamento pré-natal, visando identificar riscos na gestação e diminuir a mortalidade materna, que é bastante alta na região.

No privado e no público, são soluções que emergem da sólida estrutura de inovação do Einstein, incluindo centros de inovação em São Paulo, Manaus e Goiânia. Além disso, desde 2017 conta com uma incubadora de startups, a Eretz.bio. Desde então, já foram mais de 150 startups aceleradas e mais de 250 projetos desenvolvidos nas áreas de biotecnologia, saúde digital, dispositivos médicos e educação. São inovações que impactam o ecossistema de saúde brasileiro como um todo. Mas seria possível direcionar esses impactos mais especificamente ao setor público? Um estudo que fizemos mostrou que, atualmente, apenas 13% das healthtechs do Brasil estão diretamente focadas nessa frente. Ou seja, temos uma lacuna carente de ser preenchida com projetos inovadores para melhorar a eficiência, qualidade e equidade na assistência à saúde em nosso país.

Foi assim que nasceu nosso Programa de Aceleração de Startups para o SUS. Afinal, temos todos os elementos para ‘turbinar’ essa cadeia de players: nossa estrutura e expertise em inovação e um profundo conhecimento do sistema público, onde atuamos há mais de 20 anos, sendo que hoje temos sob nossa gestão mais de 30 unidades públicas de saúde. Além dessas razões, há outra muito importante: é mais uma iniciativa alinhada ao propósito que inspira o Einstein: entregar vidas saudáveis para um número cada vez maior de seres humanos, promovendo a equidade.

As startups que forem selecionadas pelo comitê avaliador passarão por um processo de capacitação, com mentorias voltadas ao entendimento do SUS e de sua regulamentação, incluindo temas como gestão de contratos e funcionamento da incorporação de novas tecnologias pelo sistema público de saúde. O processo abrange ainda a análise de custo-efetividade das soluções e a implementação de prova de conceito na rotina de uma unidade pública. A inscrição para participar do processo seletivo é online.

No Brasil, mais de 70% da população depende exclusivamente do SUS para cuidar de sua saúde. Os desafios são muitos e os recursos, limitados. O que esperamos é que o programa conecte atores capazes de fazer das necessidades a origem de muitas inovações efetivas que proporcionem a equidade.

 

Fonte: Futuro da Saúde