No Brasil, apenas 13 estados possuem serviços habilitados pelo Ministério da Saúde de atenção integral às pessoas trans. Esse atendimento especializado é importante para essa parte da população que sofre muito com o preconceito.
Estima-se que existam 4 milhões de pessoas transgêneros ou não binárias no país. O consultor de consórcio Lucas Ritter Barbosa é uma dessas pessoas e conta ao Jornal Hoje o quanto conviveu com o preconceito e constrangimento ao procurar atendimento médico.
“Acaba que muita gente cria bloqueios por ter passado por não uma, mas várias situações que as pessoas depois preferem não pedir ajuda, né?”, fala.
De acordo com o Ministério da Saúde, são 21 ambulatórios e hospitais que estão habilitados a prestar serviços especializados pelo SUS para essa população, o que é considerado insuficiente.
Em toda a região Norte, por exemplo, existe apenas um serviço exclusivo para pessoas trans.
Na região Sul, o enfermeiro Joe Carneiro mora em Ijuí, mas o ambulatório com atendimento especializado mais próximo fica a 170 quilômetros de distância. “Questão de ter uma oferta de serviço de saúde adequada, quanto psicólogo, um acesso mais fácil”, diz.
Um exemplo do número reduzido de serviços especializados para a população trans é o ambulatório em Santa Maria (RS). Criado para atender uma população de 30 municípios gaúchos, um ano e meio depois do início dos serviços, já recebeu pacientes de 135 cidades.
Para quem enfrenta o preconceito, ser atendido num lugar especializado com respeito e dignidade, é fundamental. “Chegando aqui, eles percebem que existe o acolhimento de segurança, um olhar com cuidado, afeto, respeito… É a garantia básica de qualquer ser humano de se sentir acolhido e respeitado”, completa Lucca.
Fila de espera
Em Porto Alegre, o Hospital das Clínicas é referência em cirurgias de redesignação sexual, como é chamado o procedimento de mudança das características sexuais e genitais das pessoas trans. Por causa da falta de serviço em outros estados, o local acaba recebendo pacientes de todo o país.
Foram mais de 300 cirurgias desde 2013 e, por causa da demanda, a espera é longa, podendo chegar a quatro anos. Atualmente, são quase 100 pessoas na fila.
Procurado pelo Jornal Hoje, o Ministério da Saúde disse que cabe aos gestores estaduais e municipais o planejamento para a estruturação da rede, solicitando habilitação dos estabelecimentos de saúde.
A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul disse que, desde 2020, três serviços ambulatoriais foram habilitados e que trabalha para ampliar o número de atendimentos. A secretaria informou ainda que a hospital de Rio Grande, no sul do estado, foi habilitado em junho deste ano para prestar serviço de modalidade ambulatorial e hospitalar à população trans.
Fonte: G1