Sindhosfil e Hospitalar Hub debatem a importância dos canais de denúncia no ambiente profissional

Na área da saúde, marcada por altos índices de rotatividade, o canal de denúncias é uma ferramenta essencial para atrair e reter talentos.

 

Desde 2023, todas as empresas que possuem uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédios (CIPA) são obrigadas a implementar um canal de denúncias. Essa medida permite identificar e prevenir irregularidades, reduzir riscos, promover a transparência e contribuir para a atração e retenção de talentos. Na área da saúde, marcada por altos índices de rotatividade, essa ferramenta se torna ainda mais fundamental.

Para desenvolver esse assunto, o SindHosfil (Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo), em parceria com o Hospitalar Hub, promoveu uma conversa online e gratuita com o tema “A importância do canal de denúncia no âmbito do trabalho”, apresentado por Edison Ferreira da Silva, presidente do SindHosfil, com participação especial de Odair Fantoni, jornalista, especialista em Direito do Trabalho e CEO da ABF Gente & Gestão.

Relações de trabalho saudáveis 

Edison Ferreira iniciou a conversa ressaltando que o canal de denúncia é um instrumento indispensável nas organizações modernas. “Essa é uma ferramenta essencial para garantir um ambiente de trabalho ético e seguro. Hoje, é impensável uma instituição não dispor desse mecanismo”, afirmou Edison.

Odair Fantoni contextualizou a importância do tema, explicando que o canal de denúncia vai além de uma obrigação legal, sendo parte fundamental da cultura de governança nas organizações. “Desde a implementação da Lei 14.457/2022, a criação e a gestão de canais de denúncia passaram a ser obrigatórias. Além disso, é uma exigência alinhada com compromissos globais, como a Agenda 2030 da ONU, que visa garantir ambientes de trabalho saudáveis e igualitários”, explicou.

Mais do que uma exigência legal 

O CEO da ABF Gente & Gestão enfatizou que a função do canal de denúncia é, antes de tudo, promover a justiça no ambiente corporativo, se tornando uma ferramenta essencial para lidar com casos de assédio moral e sexual, discriminação, racismo e outras formas de violência no trabalho. “A lei exige que o anonimato seja garantido, o que muitas empresas não conseguem cumprir apenas com e-mails ou links internos. Isso coloca as instituições em risco jurídico e mina a confiança dos colaboradores no sistema”, destacou.

Ele também comentou que muitas empresas têm buscado soluções tecnológicas, como a plataforma Reportit, que garante o sigilo e permite a gestão eficiente das denúncias.

Conscientização e treinamento 

Um ponto alto do evento foi a discussão sobre a importância de treinar os colaboradores em relação ao uso do canal de denúncia e às práticas éticas no ambiente de trabalho. Odair destacou que a Lei 14.457/2022 exige treinamentos anuais obrigatórios para todos os trabalhadores, o que tem sido um desafio para algumas empresas. “O treinamento ajuda a conscientizar sobre o uso responsável do canal e a prevenir denúncias infundadas, além de educar os gestores sobre como lidar com os casos relatados”, comentou.

O presidente da SindHosfil complementou reforçando que o treinamento é um aliado na redução de passivos trabalhistas e previdenciários. Ele citou exemplos de empresas que implementaram o canal e, como resultado, diminuíram os riscos de processos relacionados a assédio e discriminação. “A transparência e a proatividade das empresas em adotar essas medidas são cruciais para construir um ambiente de trabalho ético e respeitoso”, disse.

Tecnologias e desafios na implementação 

Odair abordou ainda os desafios enfrentados pelas empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, na implementação de canais de denúncia eficazes. Ele explicou que o tamanho da empresa e o número de estabelecimentos podem influenciar na forma como os comitês são estruturados.

“Hospitais grandes, com milhares de funcionários, muitas vezes precisam de comitês dedicados a temas específicos, como assédio moral ou discriminação. Já empresas menores podem operar com comitês mais enxutos, mas o importante é garantir que todos os processos sejam conduzidos com sigilo e profissionalismo”, apontou.

Outro destaque foi a abordagem sobre como plataformas de denúncia podem se integrar ao cotidiano das empresas. Segundo Odair, uma gestão eficiente envolve a parametrização dos sistemas para atender às necessidades específicas de cada organização.

O futuro da gestão ética 

O evento encerrou com uma reflexão sobre o impacto de iniciativas como o canal de denúncia no mercado de trabalho. Edison Ferreira reforçou que o canal de denúncia é uma ferramenta estratégica para melhorar a cultura organizacional e fortalecer a confiança dos colaboradores. “Empresas que adotam práticas éticas e transparentes não apenas evitam passivos, mas também promovem um ambiente de trabalho mais produtivo e acolhedor”, finalizou.

Assista a este episódio   

Os episódios desta série de bate-papos estão disponíveis na plataforma da Hospital Hub. Assista já!

 

Fonte: Saúde Business