Estudo reforça que a utilização de ferramentas diferentes ajuda a suprir demandas específicas
A atenção à segurança do paciente deve estar presente em qualquer nível da assistência, porém, a maior parte da literatura se concentra nos serviços hospitalares, o que torna as outras áreas de atendimento mais vulneráveis.
Na atenção primária, que promove cuidados ambulatoriais na comunidade, e que no Brasil se dá através da estratégia de saúde da família (mas também de Unidades Básicas), a segurança do paciente muitas vezes é subestimada por parecer um ambiente menos propício a falhas. Mas os estudos existentes reforçam justamente o oposto.
Em 2018, o National Institute for Health Research School for Primary Care Research financiou um estudo para elaborar e testar de um kit de ferramentas voltado à segurança na atenção primária, ou seja, um conjunto de sistemas a serem aplicados pelas equipes de saúde a fim de monitorar, medir e melhorar o atendimento com base em evidências.
Para o desenvolvimento deste manual, os pesquisadores testaram seis ferramentas, entre elas a National Health Service (NHS) Education for Scotland Trigger Tool, testada em 32 práticas clínicas, e a Safe Systems Checklist, em outras oito. Cada uma das seis trouxe um padrão de resultados, a exemplo do tipo de dano ao paciente, quais eram evitáveis, quais as condições da comunicação entre paciente, cuidados e equipes e como isso pode impactar a segurança, e como estava a experiência do paciente quanto à sua própria segurança etc.
Essa junção de percepções que, no estudo, acabou por abordar aspectos importantes da segurança como prescrição medicamentosa e coordenação e fluxo de dados, é bastante importante, visto que a jornada de um paciente durante a assistência envolve complexas transições e interfaces.
Há outros kits de ferramentas disponíveis na literatura. O Institute for Healthcare Improvement disponibiliza, em seu portal, um guia com nove ferramentas projetado por seus especialistas com informações sobre como melhorar o trabalho em equipe e a comunicação, além de ferramentas para a melhor compreensão dos problemas que podem levar a erros. Esse material pode ser encontrado AQUI.
Com base nesses achados, o estudo inglês conclui que a elaboração de um kit de ferramentas adaptado à atenção primária e desenvolvido em um formato acessível para adesão das equipes clínicas pode tornar o ambiente ambulatorial muito mais seguro graças à capacidade de monitorar os acontecimentos e, assim, planejar melhorias. O kit de ferramentas do Royal College of General Practitioners pode ser acessado AQUI e utilizado como fonte para a criação de outros manuais adaptados à realidade de serviços de saúde do Brasil.
Referência
(1) A Patient Safety Toolkit for Family Practices
Fonte: IBSP – Instituto Brasileiro para a Segurança do Paciente