Para que o Sistema Único de Saúde (SUS) seja mais resiliente e sustentável, o Brasil precisa investir em sete domínios principais: governança, financiamento, força de trabalho, medicamentos e tecnologia, prestação de serviços, saúde da população, e sustentabilidade ambiental. Dentre esses, há mais de 40 recomendações de políticas públicas que podem ser implementadas para esse objetivo ser atingido. Essas são algumas das conclusões do relatório “Parceria para Sustentabilidade e Resiliência do Sistema de Saúde” no Brasil. O conteúdo, liderado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é resultado de uma parceria entre KPMG, Fórum Econômico Mundial, Escola de Economia de Londres, AstraZeneca e Philips, analisa pontos fortes e fracos do sistema nacional de saúde, e propõe soluções de melhoria.
“Em um mundo cada vez mais competitivo, conectado e globalizado, as organizações de saúde precisam implementar transformações profundas considerando muitos temas, como jornadas inclusivas de cuidado e uso inteligente e integrado de tecnologia para superar os inúmeros desafios do sistema de saúde. Além disso, podem fundamentar suas estratégias em decisões que considerem os domínios principais desse estudo. Somente assim, com uma visão de gestão de saúde holística e integrada, os participantes da cadeia de valor poderão mitigar riscos, superar os atuais desafios e atingir o sucesso no mercado”, afirma Leonardo Giusti, sócio líder de Infraestrutura, Governo e Saúde da KPMG no Brasil.
Inédito no país, o relatório apresenta caminhos para garantir um progresso sustentável e equitativo em direção ao acesso e à cobertura universal de saúde em todo o território nacional. O estudo foi iniciado em agosto do ano passado por profissionais que analisaram mais de 100 documentos e envolveram mais de 20 especialistas, incluindo acadêmicos, representantes do governo, agências reguladoras e organizações públicas e privadas.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a compor o projeto e as principais recomendações do estudo para o sistema nacional de saúde estão resumidas a seguir:
1- Governança: aprimorar a regulamentação dos princípios do SUS para garantir mais acesso e cobertura; integrar informações de saúde de bancos de dados diferentes para fortalecer a resiliência do sistema.
2- Financiamento: estabelecer um aumento progressivo de recursos financeiros aplicados no SUS, de 4% para 6% do PIB em 10 anos; redefinir critérios para alocar financiamento e outros recursos.
3- Força de trabalho: articular políticas de saúde e de educação para alinhar formação técnica, graduação, residência e pós-graduação aderentes às necessidades do sistema; desenvolver competências em saúde digital.
4- Medicamentos e tecnologia: fortalecer políticas tecnológicas, reduzindo a dependência em produtos de alto custo; priorizar a transformação digital para aprimorar gestão e integração nos diferentes níveis de cuidado.
5- Prestação de serviços: priorizar a atenção primária como a principal fonte de acesso para cuidados integrais; estabelecer ações emergenciais para abordar necessidades não atendidas.
6- Saúde da população: aprimorar a regulamentação de atividades comerciais que afetam a saúde, incluindo tabaco, alimentos não saudáveis e álcool; fortalecer capacidades intersetoriais que influenciam a saúde.
7- Sustentabilidade ambiental: fomentar a participação do setor em pautas ambientais e fortalecer as comunidades locais; estudar estratégias e se comprometer com a transição para fontes de energia verde.
“As medidas recomendadas para otimizar o sistema de saúde brasileiro estão entre as principais contribuições do relatório. Há várias formas de fazer isso acontecer, sendo essencial o diálogo entre as partes envolvidas, a realização de parcerias, e o monitoramento de indicadores de resultados. Importante ressaltar que o relatório foi elaborado a partir de documentos oficiais, entrevistas, grupo focal e artigos científicos”, afirma Rita Ragazzi, sócia-diretora líder do segmento de Saúde e Ciências da Vida da KPMG no Brasil.
Fonte: Saúde Business