As atividades profissionais dos prestadores de serviços de saúde desde algum tempo vêm sendo evidenciado pelo compromisso dos profissionais multidisplinares durante a pandemia que assola o mundo. Todo processo cenário destes profissionais está inserido no compromisso do conceito de saúde preconizado pela Organização Mundial de Saúde – OMS “perfeito bem-estar físico, social e mental e não a simples ausência de doença e enfermidade” .
Na atual conjuntura econômica e social há a preocupação com pessoas despreparadas e incapacitadas para prestar esse atendimento na saúde sem critérios adequados. Destaca-se que alguns profissionais acomodam e ficam meses e até anos sem fazer cursos de atualização ou uma especialização em suas áreas de atuação para demonstrar a qualidade dos atendimentos. Acresce que os sistemas de EAD proliferam na formação profissional e que semeia formação inexperientes para o trato com a prestação de serviços de saúde
No entanto somente aqueles afeitos ao processo de gestão de saúde sabem no fundo quais são os desafios para prestar saúde neste país de dimensões continentais. As narrativas são impressionantes, na área médica há aproximadamente 17 médicos para cada 10 mil habitantes no Brasil, enquanto na Europa esse número chega 33 profissionais, segundo a OMS. O Conselho Federal de Medicina no ultimo censo do IBGE demonstra que existe 1 médico para cada 470 mil habitantes, sendo que regiões mais distante (norte e nordeste) há um médico para cada 950 mil habitantes.
No processo de qualificação técnica há uma série de escolas que proliferam sem condições de ser avaliado a grade curricular adequada e principalmente as péssimas condições de campo prático para estagio, onde em muitas vezes um aluno demonstra para outros dez colegas o que acontece na prática. Esta consequência é que os profissionais são distribuídos em campo de trabalho com mínimas condições de realização calculo de dosagem de medicamentos ou muitas vezes escassa experiencia em apenas fazer o acionamento de equipamentos de diagnóstico por imagem.
O seguimento filantrópico por muitas vezes não consegue concorrer com grandes seguimentos econômicos da saúde e mesmo formando profissionais inexperientes, perde está mão de obra após lapidar principalmente profissionais da área técnica. Aliás esta área compreende na grande maioria dos hospitais em 60% do quadro de folha de pagamento
No contexto devemos ainda observar a falta de controle de distribuição de profissionais por paciente e a incidência incrível de duplicidade de vinculo empregatício dos profissionais de saúde que corrobora um cenário onde a saída de um plantão de 12hs ou 24hs de uma entidade e ingressa em outro, muitas vezes a uma quadra do primeiro vinculo. Esta situação agrega profissionais da área médica, enfermagem e outras de área técnica. Ademais além da questão de qualificação não devemos deixar de avaliar as questões de rotatividade de mão de obra por melhores salários.
No seguimento de saúde em especial na área dos hospitais sem fins lucrativos e as santas casas, preocupa o elevado acréscimo de correção do índices de correção econômica (INPC) para as categorias profissionais neste ano de 2021 . No contexto de colaboradores estamos falando em aproximadamente 166 mil empregados, sendo em torno de 63 mil da área médica e 94 mil de enfermagem e outros multidisplinares. A projeções de impacto em folha deste seguimento estava projetada um reajuste de folha de pagamento em torno de 3% a 4% , contudo o INPC para a maior parte das categorias majoritárias que é em MAIO foi de 7,59% e para as categorias de Médicos e Enfermagem que realiza no mês de SETEMBRO o índice ainda não foi divulgado, mas para as categorias de AGOSTO o INPC já projetado em 9,85%. Destaca-se que no estado de São Paulo são 408 mil hospitais Filantrópicas, que disponibilizam 47.300 leitos e 7.994 leitos de UTI. Neste cenário percebe-se que vem à tona novamente e como sempre a Tabela do SUS, que a muitos anos e que há vários governos continua defasada e atualmente cobre apenas 60% dos custos das entidades filantrópicas e provavelmente entende-se que 40% restante devem cair no céu para suportar todas as despesas de prestação de serviços e manutenção dos seus profissionais.
Dr. Edison Ferreira da Silva
- Advogado
- Administrador Hospitalar há mais de 35 anos
- Graduação em Gestão de Recursos Humanos – Fundação Alvares Penteado – FAP
- Graduação em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde – Fundação Getúlio Vargas – FGV
- Graduação em Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde – Universidade Federal da Santa Catarina – UFSC e Fundação Getúlio Vargas – FGV
- Graduação em Gestão e Tecnologias Ambientais – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – POLI/USP
- Conselheiro da Associação Beneficente Pró Saúde Policia Militar do Estado de São Paulo – PRÓ PM
- Membro da Comissão Tripartite Permanente Regional do Ministério do Trabalho de São Paulo – CTPR/SP NR 32
- Conselheiro do Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC (São Paulo)