Pesquisas em saúde e hospitais como fonte de dados

Como a coleta de dados e a análise científica são essenciais para a evolução dos tratamentos e a personalização da medicina.

A ciência é um fator imperativo para o aprimoramento e desenvolvimento dos serviços de saúde para a população. Para concretizar um estudo na área da saúde, dados e análises são indispensáveis para uma acurácia adequada. Esses dados podem ser fornecidos de várias formas, desde grupos focais específicos montados por pesquisadores e censos demográficos até centros de pesquisa internos e números ou informações oferecidos por instituições, como hospitais.

Traçando um breve panorama sobre a importância das pesquisas em saúde, hoje temos diversos conhecimentos populares que são óbvios, mas que há alguns anos não o eram, como a ligação entre o ato de fumar e o risco aumentado de doenças pulmonares e cardíacas. Apenas com anos de pesquisa e disseminação popular foi fortalecida a ideia na sociedade, o que pode contribuir para a diminuição do número de fumantes. Outro exemplo é que você deve ouvir com certa frequência que muitas doenças ou mortes poderiam ser evitadas pela aplicação correta de determinados conhecimentos ou equipamentos. A ciência e sua divulgação são primordiais para evitar casos como esses e gerar informações específicas para reduzir patologias e óbitos.

Como em todo estudo científico, as pesquisas na área da medicina demandam um “problema”, ou seja, algo que se deseja compreender ao longo daquele estudo; um método, que representa como se chegará ao objetivo; e as fontes, que são os subsídios que fortalecerão os argumentos e guiarão aos resultados finais. Como preconiza a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), as fontes de dados podem ser primárias, isto é, fornecem evidências diretas de determinado evento, ou secundárias, obtidas de fontes já existentes previamente que coletaram os indicadores para outros propósitos.

Seguindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os hospitais servem como uma fonte importante de dados para pesquisas (tanto primários quanto secundários, a depender da situação), por seu contato direto com patologias e com as pessoas. A rotina viva e veloz dos hospitais oferece indicadores valiosos para a ciência e para o conhecimento da população, tanto em relação a doenças em alta para que se fique alerta, como a tratamentos mais adequados, ou, até mesmo, casos raros e sintomas incomuns.

Com mais conhecimento sobre a medicina aplicada à população brasileira, é possível proporcionar soluções personalizadas e mais precisas que façam sentido numa população miscigenada e com estados bastante diferentes entre si. Muitos estudos que possuímos na medicina são realizados em pessoas fenotipicamente similares, como a população europeia, por exemplo. Assim, pode ser que alguns resultados não sejam ideais para as pessoas nascidas na América Latina, com diversas ascendências, que possuem variantes genéticas e hábitos culturais distintos. Portanto, a diversidade populacional nos bancos de pesquisa é muito poderosa para que todos sejam representados cientificamente.

Tendo como base as informações fornecidas, são produzidos diversos estudos que aprimoram a teoria e a produção acadêmica, assim como a produção prática tecnocientífica, capaz de entregar tecnologias mais avançadas e métodos mais simples e eficazes de cuidado com a população, o que pode ser convertido em novos tratamentos, políticas de saúde e, consequentemente, mais qualidade de vida.

Tudo isso também significa um retorno para os próprios hospitais em diversas áreas de operação, considerando melhoria na qualidade dos serviços e do atendimento, retenção de profissionais, acreditação de órgãos especializados, novas oportunidades de negócio e a possibilidade de avançar cada vez mais na medicina.

O intercâmbio de conhecimento, a valorização e o incentivo à pesquisa são fundamentais para a inovação e, principalmente, para a saúde de todas as pessoas.

*Dr. Sérgio Okamoto é médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro

Fonte: Saúde Business