O sistema de saúde é extremamente fragmentado, uma realidade que também se reflete na área de tecnologia. Falta interoperabilidade na infraestrutura digital de saúde. Os diferentes equipamentos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não estão conectados. Nos Estados Unidos da América (EUA), 75% dos equipamentos médicos não são conectados, o que leva a um desperdício de 36 bilhões de dólares, de acordo com um estudo do West Health Institute, de 2013, chamado “The Value of Medical Device Interoperability: Improving Patient Care with More than $30 Billion in Annual Health Care Savings”.
Isso é evidente nas UTIs, onde a segurança do paciente é a prioridade. Contudo, uma transformação está ocorrendo no cuidado intensivo graças a aparelhos que agregam dados em tempo real, aumentando a segurança e auxiliando na análise dos pacientes.
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Uma das características desses aparelhos é a capacidade de monitorar os parâmetros vitais dos pacientes em um único painel. Esse monitoramento em tempo real oferece um nível de eficiência e segurança sem precedentes. Os profissionais de saúde podem, agora, acompanhar de perto os sinais vitais dos pacientes e responder imediatamente a qualquer mudança, o que, por si só, está salvando vidas. Além disso, os médicos podem assistir os pacientes remotamente, sem a necessidade de estar fisicamente presentes na UTI, a menos que seja necessário.
A interoperabilidade é uma das palavras-chave dessa revolução. Ao integrar diferentes equipamentos em um único sistema, os médicos têm acesso a informações cruciais sem a necessidade de acessar sistemas separados. Isso não apenas economiza tempo, mas também garante que nenhum dado importante seja perdido ou negligenciado.
Outro benefício relevante dessas tecnologias é a identificação precoce de riscos. A coleta contínua de dados dos pacientes permite a detecção antecipada de problemas e falhas nos leitos da UTI. Esses dados também permitem que os médicos identifiquem tendências e padrões que podem ser aplicados em casos futuros, um avanço significativo em direção à medicina personalizada e preventiva.
A documentação precisa é um pilar da medicina moderna, e as novas tecnologias simplificam esse processo. Plataformas dedicadas fornecem relatórios detalhados e personalizados sobre os pacientes, incluindo todas as informações relevantes capturadas. Isso torna o registro das condições dos pacientes mais eficiente, garantindo que o histórico médico seja completo e acessível a todos os membros da equipe médica.
As novas tecnologias estão transformando a saúde em geral, elevando os padrões de cuidados médicos. O monitoramento multiparâmetros em tempo real, a identificação precoce de riscos e a documentação precisa são apenas algumas das maneiras pelas quais essas inovações estão aprimorando o setor de saúde. Sua adoção é fundamental para garantir um atendimento mais seguro e eficaz.
À medida que avançamos no campo da infraestrutura digital na saúde, a interoperabilidade é mandatória. Assim como na indústria da aviação, é fundamental abraçar essas inovações para aprimorar os resultados clínicos, otimizar os fluxos de trabalho, reduzir os custos do sistema e garantir tanto a segurança dos pacientes quanto dos profissionais de saúde. A saúde é um compromisso contínuo com o bem-estar humano, e a tecnologia desempenha um papel vital nesse compromisso.
*Dr. José Branco é fundador e faz parte da direção executiva do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, Diretor Técnico do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano e Diretor Médico da CloudSaúde.