Iniciativa inédita no Brasil criará banco de dados genéticos de pacientes SUS

Data: 23/06/2022

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, vai coletar dados genômicos e clínicos de 2.382 pacientes de oncologia e cardiologia atendidos no SUS para a construção inédita de um banco de dados deste tipo no Brasil. Além disso, será realizado o sequenciamento genético para hipertensão arterial de dois mil policiais militares localizados no Rio Grande do Sul, bem como a qualificação de 300 profissionais atuantes na saúde pública em Medicina Genômica e de Precisão. A iniciativa terá impacto nacional e será conduzida pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, hub de saúde de excelência que também compõem o Proadi, em parceria com o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP).
Denominado “Mapa Genoma Brasil – Medicina de precisão em oncologia e cardiologia no SUS”, o projeto vai contribuir com o Programa Genomas Brasil, lançado em 2020 pelo Governo Federal com o objetivo de incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico nas áreas de genômica e saúde de precisão no âmbito do SUS.
A expectativa é que as informações coletadas pelo Mapa Genoma Brasil contribuam para a implementação de estratégias de gestão populacional em câncer de mama, câncer colorretal, câncer de próstata e doenças cardiovasculares, todas consideradas Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT). De acordo com Renato Vieira, diretor executivo de Desenvolvimento Médico, Técnico e Educação e Pesquisa, o projeto vai gerar cada vez mais conhecimento sobre como as patologias se desenvolvem e como se comportam na população, contribuindo para o desenvolvimento de terapias cada vez mais eficazes, assim como em estratégias de prevenção.
“Hoje, quando se trabalha com sequenciamento genético, se faz pesquisa ou análise da rotina assistencial, nossos profissionais se baseiam em bancos de dados da população americana ou europeia, sendo que o Brasil é um país de dimensões continentais e características que variam conforme cada região. O Mapa Genoma Brasil trata-se de uma proposta robusta e detalhada que trará informações inéditas da população brasileira, impactando diretamente o atendimento dos pacientes no SUS.
O conhecimento exponencialmente crescente do genoma humano, aliado a bases de dados sólidas e bem estruturadas, está permitindo que a medicina atue de forma personalizada e altamente eficiente, tanto do ponto de vista de novos tratamentos, como de prevenções individualizadas para pacientes de risco. O estudo é uma gigantesca oportunidade para o reconhecimento dos fatores genéticos no desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na nossa população”, afirma o diretor.
Até o fim de 2023, serão analisados materiais genéticos de pacientes e familiares, sendo 110 de câncer de mama, 50 de câncer colorretal e 22 de câncer de próstata, localizados em oito centros de saúde de todas as regiões do país. Através das variantes identificadas, será avaliada a suscetibilidade a essas doenças. É importante ressaltar que os participantes da pesquisa passarão por atendimento personalizado.
Sequenciamento genético para hipertensão arterial
A partir de julho de 2022, será realizada a estratificação de risco genético para a hipertensão arterial em grupo de dois mil policiais militares localizados em Pelotas (RS), através da implementação de um modelo de estratégia sistêmica para rastrear ativamente os indivíduos com risco genético aumentado para doenças cardiovasculares prevalentes e de natureza complexa.
“Os resultados deste estudo determinarão de forma inédita o risco genético populacional para estes casos, permitindo a descoberta de novos biomarcadores associados. Em conjunto, as informações geradas serão incluídas em algoritmos clínico-epidemiológicos em uso para aumentar sua eficácia e o seu poder preditivo necessário para o desenho de estratégias antecipativas sobre uma doença prevalente e de alta morbimortalidade”, ressalta Renato Vieira.
Fonte: Medicina S/A