Aumento de Covid e dengue deve pressionar Saúde em SP no pós-Carnaval

Data: 15/02/2024

Com mais de 10 mil casos de dengue confirmados, capital paulista vive também uma alta no número de infecções por Covid-19

Os serviços de Saúde da capital paulista devem ter um pós-Carnaval conturbado, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles. Com mais de 10 mil casos de dengue confirmados, a cidade também vive uma alta no número de infecções por Covid, cenário que tende a piorar após as grandes aglomerações do Carnaval paulistano.

A expectativa, dizem os entrevistados, é de que São Paulo sofra uma pressão nos atendimentos hospitalares. “Vai ter uma demanda sobreposta das duas doenças”, explica Wallace Casaca, professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e coordenador da Plataforma Info Tracker, que monitora a evolução dos casos de coronavírus no estado.

Uma análise feita por Wallace mostrou que o número de casos de Covid confirmados na capital paulista mais que dobrou nas duas últimas semanas de janeiro.

Entre os dias 21 e 27 de janeiro, a cidade tinha registrado 1822 novos casos da doença. Na semana seguinte, entre 28 de janeiro e 3 de fevereiro, os registros saltaram para 3678 infecções, um crescimento de 102%.

A média diária de casos na cidade teve um aumento ainda mais expressivo. Entre os dias 24 de janeiro e 7 de fevereiro, a média móvel de registros diários cresceu 219%, indo de 192 casos para 613.

Ele afirma que a cidade importou casos das subvariantes do grupo JD e JN.1, que têm alta transmissibilidade. No Carnaval, com as ruas lotadas de foliões, o vírus pode ter encontrado ainda mais facilidade para avançar entre os paulistanos.

“O Carnaval acaba corroborando para aumentar a velocidade de espalhamento dessas subvariantes”, afirma o professor.

Wallace diz que o poder público precisa estar atento aos dados para preparar os serviços de Saúde e defende o aumento de leitos para lidar com uma possível sobrecarga no sistema hospitalar.

“[A situação] vai acabar gerando uma pressão no sistema hospitalar do município”, diz ele.

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo afirma que mantém vigilância constante os casos de Covid e dengue na cidade, o que permite “uma adaptação ágil das medidas de controle”.

“Nesse momento, a pasta não registra aumento nas internações por Covid, mas havendo necessidade, leitos específicos podem ser ativados. Os fluxos de atendimento para pacientes com Covid e outras doenças respiratórias ocorrem separadamente”, disse a pasta, por meio de nota.

A Prefeitura afirma ainda que intensificou as ações de combate ao mosquito da dengue e aumentou em seis vezes do número de agentes nas ruas, além de abrir uma tenda na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 26 de Agosto, em Itaquera, para atender pacientes com sintomas de infecção pelo aedes aegypti.

Preocupação no resto do estado
A situação de outras cidades do estado, que enfrentam aumento das duas doenças, também preocupa.

Nesta quarta-feira (14/2), a cidade de Suzano, na Grande São Paulo, decretou emergência por causa do crescimento da Dengue.

Presidente do Conselho Municipal dos Secretários de Saúde (Cosems), Geraldo Reple diz que os municípios estão “atentos” para o crescimento simultâneo de registros de dengue e Covid, mas descarta a necessidade de pensar em um aumento de leitos no momento.

“Ainda é muito cedo para falar em ampliação de leitos”, disse ele, que é secretário de Saúde em São Bernardo do Campo.

O secretário diz que as cidades observam a subida de casos de Covid desde o fim do ano passado e já esperam um crescimento da doença pós-Carnaval. “Estamos todos nos preparando”, disse ele.

Segundo Reple, alguns municípios ampliaram seus horários de atendimento nos serviços de Saúde para receber a população e outros têm reforçado as ações de combate a dengue.

Para o infectologista Carlos Magno Fortaleza, diretor da Faculdade de Medicina da Unesp, é importante que os governos municipais preparem suas equipes de saúde para identificar casos graves das duas doenças.

“A extensão de horários [dos postos] também é extremamente necessária em alguns casos”, afirma o médico.

Ele afirma que os casos de Covid não devem gerar muitos casos graves graças à vacinação e diz que a preocupação principal no momento é a dengue.

“Estamos vivendo uma emergência epidemiológica de dengue”, diz o infectologista.

Ex-coordenador da Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo, Carlos alerta sobre a necessidade de que a população procure atendimento para tratar a doença: “Se você está com febre procure um médico”.

Sintomas da dengue
Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações clínicas incluem:

Febre alta: a temperatura corporal pode atingir valores significativamente elevados, geralmente acompanhada de calafrios e sudorese intensa;
Dor de cabeça intensa: a dor é geralmente localizada na região frontal, podendo se estender para os olhos;
Dores musculares e nas articulações: sensação de desconforto e dor, muitas vezes referida como “quebra ossos”;
Náuseas e vômitos: podem ocorrer, contribuindo para a desidratação;
Manchas vermelhas na pele: conhecidas como petéquias, essas manchas podem aparecer em diferentes partes do corpo;
Fadiga: uma sensação geral de fraqueza e cansaço persistente.

Tratamento
O tratamento da dengue visa aliviar os sintomas e garantir a recuperação do paciente. Algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde incluem:

Hidratação adequada: a ingestão de líquidos é fundamental para prevenir a desidratação, especialmente durante os períodos de febre e vômitos;
Uso de analgésicos e antitérmicos: medicamentos como paracetamol podem ser utilizados para reduzir a febre e aliviar as dores;
Repouso: descanso é essencial para permitir que o corpo combata o vírus de maneira mais eficaz;
Acompanhamento médico: em casos mais graves, é crucial procurar assistência médica para monitoramento e tratamento adequado;
Evitar automedicação: o uso indiscriminado de alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e aspirina, pode agravar o quadro clínico, sendo contraindicado na dengue.
Prevenção da dengue
Além do tratamento, a prevenção da dengue é crucial. Medidas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, uso de repelentes, telas em janelas e portas, além da conscientização da população sobre a importância dessas práticas, são enfatizadas pelo Ministério da Saúde.

 

Fonte: Metropole