Tema expôs aspectos de uma das doenças genéticas mais comuns no Brasil e no mundo, especialmente em pessoas de ascendência africana: a anemia falciforme
Cerca de 120 alunos do curso de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi (UAM) prestigiaram a aula inaugural do semestre, aberta na manhã do último dia 05, com palestra do médico hematologista André Gervatoski (CRM 88074), diretor técnico da Instituição, que falou sobre anemia falciforme.
O convite partiu do coordenador da residência médica da UAM, Alex Gonçalves (CRM 99878), para quem o assunto é importantíssimo, por tratar-se de uma temática médica e social. “Precisamos disseminar conhecimentos atualizados sobre a doença para que ela possa ser melhor compreendida e os pacientes melhor atendidos no SUS- Sistema Único de Saúde”, disse.
Ao abordar a importância do tema, André Gervatoski falou que a anemia falciforme é uma doença genética hereditária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os em forma de foice (ou crescente), em vez de disco. Essa alteração na forma dificulta a passagem do sangue pelos vasos sanguíneos, causando crises de dor, danos a órgãos e outras complicações graves. “A sociedade precisa saber que a anemia falciforme é uma condição séria, que requer acompanhamento médico regular e pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente”, considerou.
Para ele, é fundamental que a sociedade médica e estudantes de medicina estejam informados sobre a anemia falciforme para que todos possam promover a conscientização e combater o preconceito. Essas pessoas precisam de acompanhamento constante com equipes multidisciplinares, incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. O tratamento, segundo ele, inclui medicamentos para aliviar a dor, prevenir infecções e reduzir complicações. “Em alguns casos, o transplante de medula óssea pode ser uma opção curativa, mas é um procedimento complexo e nem sempre disponível”, disse o diretor técnico, que recentemente defendeu a criação de um núcleo especializado no atendimento de doenças falciformes no município.
Organizações sociais também prestigiaram o evento, a exemplo de Fátima Eugênio, coordenadora do Grupo Raízes Anemia Falciforme e membro da Cufa Piracicaba- Central Única das Favelas, onde ela desenvolve trabalhos assistenciais para pessoas de baixa renda. “Auxiliamos as pessoas com alimentos na época da pandemia; hoje, o grupo leva orientações e informações sobre saúde por meio da atuação voluntária de médicos, assistente social e psicóloga”, disse.
Fátima Eugênio não tem anemia. Ela é professora infantil e, por ver mães sem orientação e conhecimento, deu início à pesquisa sobre a doença há mais de 13 anos. Também fez curso da Universidade da Bahia e pós-graduação na Universidade de Harvard, nos EUA, sobre negritude. “Estive aqui em busca de conhecimento para aprimorar as informações que levamos à comunidade”, disse, ressaltando o perfil eclético do Encontro.
Divulgação: Santa Casa