Mercado de saúde brasileiro deve crescer 9% até 2028, aponta relatório

Indústria farmacêutica é um dos segmentos que deve impulsionar o crescimento do mercado da saúde; fusões e aquisições voltam a aquecer

 

O mercado da saúde no Brasil deve crescer 9% até 2028, com média de 2,25% ao ano, atingindo uma receita de R$ 1,898 trilhão. Historicamente o crescimento do setor tem uma média de 1,57% ao ano, atingindo 11% nos últimos sete anos. A análise é do relatório “A&M POV Farmacêuticas”, da Alvarez & Marsal, obtido com exclusividade pelo Futuro da Saúde.

Entre os principais motivadores da análise de crescimento estão o aumento dos gastos per capita com saúde, o crescimento da participação de pessoas idosas na população brasileira, assim como um maior investimento em infraestrutura e desenvolvimento de novas políticas públicas.

Depois de anos de redução, o cenário de fusões e aquisições na saúde deve voltar a aquecer a partir de 2025. Com uma queda de 23% de 2019 a 2024, seguindo a tendência da maioria dos setores, a saúde já mostra reação e a expectativa do mercado é que a situação mude nos próximos anos.

“Desde o final do ano passado e começo desse ano a demanda por projetos relacionados a investimentos em saúde vem crescendo. A saúde volta a ser uma das principais pautas dos fundos de investimento e os grandes players internacionais voltam a olhar para o Brasil com bons olhos”, afirma Caio Marcílio, diretor sênior de M&A da Alvarez & Marsal.

Entre 2018 e 2024, o segmento de indústria ficou em segundo lugar em fusões e aquisições no setor, com 365 negociações. Esse grupo, que inclui farmacêuticas, órteses, próteses, equipamentos, materiais hospitalares e especiais, ficou atrás somente dos provedores, como hospitais, laboratórios e especialidades, que tiveram 543 negociações.

“Há questões de precificação de medicamentos, planos de saúde ambulatoriais e outros temas importantes sendo discutidos que impactarão diretamente o sistema de saúde. Essas mudanças serão relevantes e gerarão ainda mais uma atração de investimento internacional. Players de fora do Brasil vão olhar para esse mercado de 200 milhões de habitantes de uma forma ainda mais interessada”, afirma André Tenan, sócio-diretor de Life Sciences da Alvarez & Marsal.

M&A voltam a crescer no mercado da saúde

Durante a pandemia, com juros baixos, investidores buscaram retornos mais arrojados, direcionando seus aportes para startups ou grandes empresas com estratégias de crescimento. Esse movimento do mercado da saúde se intensificou em um cenário de fusões e aquisições, em busca da consolidação do mercado e de market share. No entanto, passado este período, os investimentos retornaram para teses com risco menor. A expectativa é que, em 2025, o cenário mude.

“Em 2019, a saúde representava mais ou menos 16% das negociações de M&A. É uma fatia bem relevante. Logo após, em 2023 e 2024, veio caindo e chegou só a 6%. E agora no começo de 2025, já volta para o patamar de 14%. São ciclos. Há uma onda”, explica Caio Marcílio, diretor sênior de M&A da Alvarez & Marsal.

A indústria farmacêutica movimentou 162 bilhões de reais em 2024 no Brasil, de acordo com o relatório, com um crescimento de 13% nos últimos seis anos. Aproximadamente 75% do mercado ainda corresponde a genéricos e similares. Atualmente, o foco das fusões e aquisições está em Inovação e funding. Essa frente representa 42% das transações em 2023, enquanto a consolidação de mercado tem 25%. A realidade é ligeiramente diferente de 2020, quando 56% das transações estavam focadas em expansão de portfólio, enquanto a inovação representava apenas 13%.

“Vemos grandes potências reforçando ou buscando soluções para os seus portfólios que vão ser impactados pela perda de patente de produtos. E estão fazendo isso de uma forma mais rápida e ágil, ou seja, adquirindo empresas de biotecnologia para encurtar o processo de desenvolvimento e para ter esses novos produtos disponíveis mais rápido”, observa André Tenan.

Por outro lado, empresas brasileiras têm oportunidade de comprar portfólios de medicamentos menos complexos, vendidos pelas multinacionais, em busca de focar em terapias de tecnologia avançada. Ainda, há possibilidade de fusões e aquisições com finalidade de agregar estratégias para este novo momento do mercado.

“Também há toda essa movimentação macroeconômica acontecendo em virtude das taxações do presidente americano Donald Trump e das guerras fiscais. Empresas começam a olhar de forma mais estruturada para outros países com mercados relevantes e importantes. É preciso estabelecer estratégias adjacentes de sustentabilidade e crescimento do negócio”, explica Tenan, que aponta para a entrada de novas empresas da Europa, China e Índia no Brasil.

 

Fonte: Futuro da Saúde