Norovírus: saiba quais são os sintomas e como proteger as crianças

Data: 08/02/2023

Diarreia, vômito, febre, dor no corpo… Esses sintomas são muito comuns na infância e podem surgir por diferentes razões, mas, cada vez mais, um vírus tem se mostrado um dos principais responsáveis por infecções gastrointestinais nos pequenos: o norovírus.

Recentemente, por exemplo, foram registrados “surtos” da doença no Reino Unido e em praias do litoral de Santa Catarina, no Brasil. Alguns motivos podem ajudar a explicar o cenário. O primeiro deles é um maior número de pessoas sendo vacinadas contra o rotavírus, outro agente infeccioso que, por décadas, foi a principal causa de quadros de vômito e diarreia. “Durante muitos anos, tínhamos o rotavírus como o agente mais envolvido neste quadro e, com a vacina, outros começaram a tomar este lugar. Um desses vírus foi o norovírus”, explica André Ricardo Araújo da Silva, coordenador médico infectologista do Grupo Prontobaby (RJ).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos 685 milhões de casos de norovírus são registrados. Desse total, quase um terço acontece em crianças menores de 5 anos. Ainda que o norovírus costume causar sintomas leves e facilmente resolvidos em casa, se não tratados, eles podem evoluir para quadros graves que exigem, inclusive, internação hospitalar.

Como o norovírus é transmitido

O norovírus (NoV) é um tipo de agente infeccioso muito contagioso. Embora ele possa infectar pessoas de todas as idades, as crianças são as principais vítimas. “Acaba sendo mais comum entre os pequenos porque eles não têm consciência em relação à contaminação, havendo troca de objetos que mantiveram contato com a boca, por exemplo. Por isso, é muito importante incentivar as crianças e os adultos a sempre higienizar as mãos”, diz o especialista.

A transmissão do norovírus pode acontecer em qualquer lugar em que pessoas se reúnam ou onde haja comida sendo preparada e servida. Isso porque os infectados podem contaminar água, alimentos e superfícies ou, então, passar o vírus para quem estiver por perto.

Enquanto estão doentes, as pessoas liberam milhões de partículas de vírus tanto nas fezes quanto no vômito. É aí que existe o risco de contaminação. Só é preciso uma quantidade muito pequena de partículas virais — menos de 100, segundo o CDC — para que outros fiquem doentes. Basta que uma pessoa contaminada vá ao banheiro e não lave as mãos direito, por exemplo, para espalhar o vírus para mais gente e contaminar alimentos, móveis, maçanetas…

Uma diferença do norovírus para outros vírus mais conhecidos, como o da covid-19, é justamente que ele consegue sobreviver em superfícies, na água e nos alimentos por bastante tempo. Uma revisão do Centro de Virologia do Instituto Adolfo Lutz (SP) diz que o norovírus pode continuar vivo em superfícies secas por até 7 dias. Por isso, é comum acontecerem “surtos” em hospitais, escolas, universidades, acampamentos, cruzeiros, hotéis, restaurantes…

Quais os sintomas do norovírus

Uma vez infectada, a pessoa pode demorar de 24 até 48 horas para começar a apresentar os primeiros sintomas. Os mais comuns são:

Diarreia

Náusea

Vômito

Dor de estômago

Febre

Dor de cabeça

Dores no corpo

Ainda assim, estima–se que cerca de 30% das infecções por NoV sejam assintomáticas. Quando os sintomas aparecem de forma leve, normalmente passam em até três dias. Apenas quadros mais graves precisam de intervenção no hospital. De acordo com Instituto Adolfo Lutz (SP), apenas 10% das pessoas contaminadas pelo vírus precisam de atendimento médico, incluindo hospitalização e tratamento contra desidratação.

A desidratação é, inclusive, o maior “perigo” do NoV. “Os quadros de gastroenterite, de uma forma geral, podem levar à desidratação, o que é um dos maiores problemas dos vírus entéricos. Ela pode levar a criança ao hospital, à perda de eletrólitos e até confusão mental, além de causar mal funcionamento de alguns órgãos”, explica André, do Grupo Prontobaby (RJ). Tratamento para norovírus

Muitas vezes, o norovírus é classificado nos consultórios médicos como “infecção estomacal” ou “intoxicação alimentar”. Para ter certeza de qual tipo de vírus é o responsável pelo quadro de gastroenterite, só fazendo análise em laboratório. “Existe um tipo de exame que fazemos para detectar os vírus entéricos, mas são exames difíceis de serem aplicados na prática cotidiana, porque são caros e costumam ser feitos só quando há uma investigação de surto”, diz o infectologista.

Como já foi dito, os sintomas costumam desaparecer sozinhos em até três dias, sem necessidade de intervenção médica. Não existe um medicamento específico para tratar pessoas com norovírus. Por isso mesmo, o protocolo para esses pacientes vai depender do tipo e da intensidade dos sintomas apresentados. Normalmente, a recomendação é manter uma dieta leve, ingerir bastante líquido, para evitar a desidratação, e tomar analgésicos e antitérmicos, em caso de dor e febre. Em quadros mais graves, o paciente pode ser internado para receber soro e medicação na veia.

Prevenção do norovírus

Diferente do rotavírus, que já tem uma vacina específica, ainda não estão disponíveis imunizantes que ajudem a evitar casos de norovírus. A prevenção acontece por meio de medidas sanitárias e de higiene:

Lave as mãos com água e sabão, principalmente antes e depois de ir ao banheiro, trocar fralda, amamentar ou tocar em alimentos. O norovírus pode ser encontrado no vômito ou nas fezes por duas semanas depois do fim dos sintomas. É importante manter esse hábito de higienizar as mãos durante esse período. Vale lembrar que o álcool em gel não substitui a água e o sabão;

Lave bem frutas, vegetais e legumes e, em seguida, coloque-os de molho em água sanitária. Também higienize e desinfete rotineiramente os utensílios, balcões e superfícies da cozinha antes de preparar os alimentos;

Quando estiver doente, não cozinhe ou prepare qualquer tipo de alimento por pelo menos dois dias após o fim dos sintomas;

Depois que alguém vomitar ou tiver diarreia, limpe bem e desinfete toda a área imediatamente. Coloque luvas de borracha ou descartáveis ​​e limpe toda a área com toalhas de papel e deixe o alvejante agir por pelo menos cinco minutos. Depois, limpe toda a área de novo com sabão e água quente. Não se esqueça de lavar a roupa suja, tirar o lixo e lavar as mãos;

Limpe maçanetas, torneiras e interruptores de luz com água e sabão;

Remova e lave imediatamente roupas ou lençóis que possam estar sujos de vômito ou fezes. Manuseie os itens sujos com cuidado, sempre usando luvas. Mesmo assim, lave as mãos depois. Os itens devem ser higienizados com detergente e água quente na duração máxima de ciclo da máquina de lavar. Depois, devem ser secados no sol ou na temperatura mais alta da máquina de secar. As roupas sujas devem ser lavadas separadamente e só depois que as roupas das outras pessoas da casa foram lavadas;

Beba água tratada e filtrada ou de embalagens lacradas. Nunca use gelo de procedência desconhecida;

Evite frutas e verduras já descascadas, com a casca danificada ou alimentos vendidos por ambulantes ou que você não saiba a procedência;

Não mergulhe e nem tome banho em rios, lagos, represas e praias impróprios. Também não se banhe ou frequente regiões próximas a saídas de rios ou córregos.

Fonte: Revista Crescer