Um estudo clínico randomizado aberto e multicêntrico do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde, vai avaliar se tratamentos com antibióticos por sete dias em pacientes com infecções graves e/ou bacteremias por BGN MR que apresentem sinais de melhora clínica possuem eficácia semelhante aos tratamentos com 14 dias de medicação. A pesquisa, conduzida pelo Hospital Moinhos de Vento, uma das seis instituições de excelência que compõem o PROADI-SUS, será realizada em 50 hospitais públicos e privados de todo o Brasil, avaliando a antibioticoterapia em cerca de 520 pessoas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) até o final de 2023.
Os BGNs são bacilos Gram-negativos, bactérias causadoras de diversas infecções em seres humanos (como a pneumonia associada à ventilação mecânica e a infecção de corrente sanguínea). Os BGN multirresistentes foram classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como prioridade crítica para investimento em pesquisas e novos tratamentos devido à escassez de opções de antimicrobianos eficazes para tratamento e à toxicidade importante dos esquemas atualmente disponíveis. A resistência antimicrobiana representa uma ameaça crescente à saúde pública mundial, visto que compromete, inclusive, o sucesso de grandes cirurgias ou tratamentos por quimioterapias, por exemplo, na ausência de antibióticos eficazes.
Segundo a OMS, nos países em desenvolvimento, 10 em cada 100 pacientes hospitalizados ficam expostos a infecções associadas à assistência à saúde (IRAS) — aquelas que ocorrem por conta de um procedimento médico ou durante uma internação.
De acordo com Jaqueline Driemeyer C. Horvath, líder da pesquisa, o objetivo é otimizar o tratamento antimicrobiano destes pacientes e, para garantir a eficácia do tempo de tratamento proposto, serão avaliados desfechos como o risco de óbito e a reinfecção pela mesma bactéria em até 28 dias. “O uso de antibióticos por duas semanas mantém o paciente internado por mais tempo e, quanto maior o tempo de internação em UTI, maior a exposição do paciente. Caso seja comprovada a não inferioridade para falha clínica da antibioticoterapia será possível propor mudanças nos tratamentos de infecções graves por estas bactérias, impactando em um menor tempo de internação, maior fluxo de atendimento, menores custos às instituições e, possivelmente, menor incidência de eventos adversos secundários às drogas que são utilizadas para tratar tais infecções”, afirma.
O estudo faz parte do projeto Impacto MR, que tem como objetivo avaliar o impacto de infecções por Microrganismos Resistentes (MR) a antimicrobianos em pacientes internados em UTI adulto em todo o Brasil. Diversas frentes são conduzidas pelos seis hospitais de excelência que compõem o PROADI-SUS: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência de São Paulo, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês.
Fonte: Medicina/SA