Os brasileiros atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) consideram a saúde como uma de suas prioridades, mas 71% não fazem atividades voltadas à prevenção e promoção de cuidados, como praticar atividades físicas. Entre os usuários de planos de saúde, o índice é ainda mais alto: 85% não participam das iniciativas de prevenção oferecidas pelas operadoras.
Os resultados fazem parte da pesquisa “O que pensam os brasileiros sobre a saúde no Brasil?”, realizada pelo PoderData para a Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp. Os dados foram coletados entre 1º e 8 de abril deste ano por meio de entrevistas telefônicas com 3.056 pessoas acima de 16 anos de 388 municípios, em 27 estados.
O estudo revelou que, entre os usuários do SUS, o sedentarismo é preponderante especialmente nas faixas de menor renda e diminui conforme os salários se elevam. A pesquisa revela, ainda, que 63% dos que recebem até 10 salários-mínimos costumam frequentar a academia ou fazer exercícios, o dobro do resultado apurado no grupo dos desempregados ou sem renda fixa (31%). Já entre os que ganham de 2 a 5 salários-mínimos, apenas 36% fazem prevenção.
A idade também é um fator que influencia o engajamento: apenas 15% dos jovens de 16 a 24 anos fazem exercícios, exatamente a metade do índice registrado entre entrevistados com 60 anos ou mais. A faixa de maior dinamismo é a de 45 a 59 anos, que congrega 40% das pessoas que praticam atividades físicas.
“Estes dados são extremamente preocupantes. Se não dermos atenção imediata à prevenção, perderemos a corrida para oferecer saúde de qualidade à população. O número de pessoas com doenças crônicas está crescendo rapidamente no Brasil e no mundo. Os outros países estão tentando resolver o problema na origem, reduzindo o número de doentes. Aqui, não existem políticas públicas eficientes e não são ofertados sistemas de prevenção”, analisa Antônio Britto, diretor executivo da Anahp.
Entre os usuários de planos de saúde, apenas 15% participam das iniciativas preventivas oferecidas pelas operadoras. O maior desafio ocorre na faixa dos 16 a 24 anos, na qual 89% não estão envolvidos neste tipo de atividades. Até os 59 anos, o percentual se mantém, com pequena variação, acima dos 80% e só começa a declinar ligeiramente no grupo com 60 anos ou mais (76%). A escolaridade também é um fator que influencia no engajamento em atividades preventivas: 9 entre 10 usuários com ensino fundamental não participam dessas iniciativas. Entre os que possuem ensino médio ou superior, a taxa é de 84%.
Em relação às faixas de renda, o segmento mais afetado é o que ganha até dois salários-mínimos, sendo que 88% desses usuários estão fora de atividades de prevenção. Bem como 77% do contingente de desempregados ou sem renda fixa e, no outro extremo, os que ganham acima de 10 salários-mínimos.
O estudo revela também que a participação em atividades de prevenção é minoritária em todas as regiões do país, com indicadores que variam de 13 a 20%. Nordeste (13%) e Sul (15%) são as regiões que registram os índices mais baixos de envolvimento. Centro-oeste (20%) e Norte (18%) os indicadores mais altos.
“Os resultados apurados, tanto entre usuários do SUS quanto de planos de saúde, acendem um sinal de alerta. Mostram a necessidade de os governos investirem fortemente em educação e comunicação para atingir todas as camadas da população, especialmente os mais jovens. Precisamos com urgência trabalhar a necessidade de prevenção na sociedade toda”, afirma Rodolfo Costa Pinto, diretor do PoderData e coordenador da pesquisa para a Anahp.
Fonte: Medicina S/A