O conceito de Open Health, que prevê o compartilhamento de dados na área da Saúde, tem movimentado autoridades e players do mercado. A expectativa é de que o sistema promova mudanças nos serviços, instituições, abordagens e na relação dos pacientes e profissionais de saúde. De acordo com pesquisa divulgada pela Axway (Euronext: AXW.PA), empresa de gerenciamento de APIs, 88% dos brasileiros acham que seus diferentes prestadores de saúde (e/ou serviços) deveriam compartilhar suas informações uns com os outros.
“Em um sistema de saúde aberto, com o compartilhamento de dados mediante autorização do paciente, poderíamos ter praticidades como uma pessoa ser atendida em uma unidade de saúde, mas o profissional poder acessar todo o seu histórico médico em um sistema digital.
Outro exemplo seria o paciente que decide trocar de plano de saúde, poder solicitar os seus dados para fazer uma comparação mais apurada dos serviços que utiliza”, explica Claudio Maia, especialista em Open Everything da Axway.
Acessar laudos de exames digitalmente, coletar remotamente dados de monitores cardíacos, de diabetes ou outros dispositivos de pacientes em homecare, além da oferta de serviços mais personalizados, são outras possibilidades do compartilhamento de dado no setor. Apesar das praticidades, ainda há preocupação com a segurança e a privacidade.
O levantamento, que ouviu cerca de mil pessoas no país, apontou que 84% gostariam de ter mais controle sobre quem vê seus registros médicos. Além disso, 42% afirmaram que não acreditam que seus dados de saúde estejam protegidos contra hackers (26% disseram que sim e 33% não sabem).
“A regulamentação de um sistema de compartilhamento de dados para o setor deve estabelecer padrões de segurança e consentimento. Como ocorreu com o Open Finance, o cliente – ou nesse caso, o paciente – deve permitir o compartilhamento de seus dados, podendo revogar essa concessão a qualquer momento. É importante também que eles possam visualizar claramente quais dados e com quem está sendo compartilhado”, afirma Maia.
A criação da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) é considerada um marco no compartilhamento de dados do setor no país. A plataforma do Ministério da Saúde foi criada em 2020 para promover a troca de dados no sistema, o que permitiu iniciativas como o Conecte SUS (que armazena os dados de vacinação da população, por exemplo). A expectativa é de que a RNDS esteja estabelecida até 2028.
“Os dados de saúde são extremamente sensíveis. Por isso, sabemos que a regulamentação de seu compartilhamento, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na Saúde Suplementar, será complexa. É um processo que envolve questões legais, estruturais, mercadológicas e políticas”, conclui Maia.
Fonte: Medicina S/A